segunda-feira, 9 de maio de 2011

A VOLTA DA GUERREIRA

Deputada diz haver ´clamor` por nova candidatura de Wilma a prefeitura de Natal 

 
DEPUTADA MÁRCIA MAIA
Líder do PSB na Assembleia Legislativa (AL), a deputada estadual Márcia Maia admitiu, em entrevista a O Poti/ Diário de Natal, que as lideranças do partido têm se movimentado no intuito de fazer a ex-governadora Wilma de Faria (PSB) ser candidata a prefeita de Natal. Segundo a pessebista, há um grande clamor pela candidatura da pessebista entre as lideranças, as bases partidárias e a população. No entanto, ela disse que o assunto ainda precisa ser discutido. Oposicionista convicta, Márcia cobrou da governadora Rosalba Ciarlini (DEM) a realização das promessas de campanha e lamentou a "desconstrução de projetos do governo do PSB". A deputada também fez uma avaliação do momento político do partido, comentou a possível saída do deputado estadual Gustavo Carvalho, descartou a possibilidade de aproximação com o PSD e negou que soubesse de qualquer "negociata" para a aprovação do projeto de Inspeção Veicular na Assembleia Legislativa.

Qual a avaliação que a senhora faz desses quatro primeiros meses do governo Rosalba Ciarlini?


Eu estou aguardando, assim como a população, que as coisas possam acontecer. Claro que nós ficamos durante esses meses aguardando acontecimentos que não vieram. A própria mensagem da governadora deixou muito a desejar. Esperamos a realização do que ela prometeu fazer durante a campanha. Vamos ficar vigilantes, atentos, para denunciar o que estiver errado, o que não estiver atendendo à população, e vamos fazer nossa parte como parlamentar.


Nesses primeiros meses do governo Rosalba, houve a extinção do Meios, o cancelamento dos convênios realizados pelo governo passado com os municípios e também dos convênios de implantação do Samu no interior. Como a senhora viu isso?


Eu fiquei muito triste, tanto pelo cancelamento dos convênios como pelo fechamento de diversos programas sociais que deixaram de acontecer. São programas sociais relevantes. Eu inclusive já tomei providências na Assembleia, fazendo solicitações ao atual governo para que esses programas sejam retomados. A Femurn já se pronunciou sobre o fim dos convênios. Eles deveriam ter sido analisados melhor. Os que tivessem algum tipo de irregularidade deveriam ter um prazo para que os prefeitos resolvessem, mas jamais o governo poderia prejudicar os municípios. O prejuízo chega até o cidadão comum, que não tem nada a ver com essa situação política posta pelo atual governo. Foi uma posição política. Quando se governa é para governar para todos e não agir politicamente. Então é com muita tristeza que vejo essa situação. Em relação ao Samu, também é uma pena que algo que foi estudado, entendido, objeto de parceria com o Ministério da Saúde tenha sido cancelado. Fico muito triste em ver essa desconstrução do que foi realizado pelo governo do PSB.


O PSB passou por um momento de crescimento no estado, chegando a conquistar a prefeitura de Natal e o governo. No entanto, hoje é oposição na capital e em nível estadual. Comoa senhora avalia esse momento?


O momento é de reestruturação. Estamos reestruturando o PSB, rediscutindo os diretórios municipais. Já tivemos algumas reuniões da bancada do partido na Assembleia, que continua com quatro deputados. O momento é de rediscussão. Teremos uma eleição no ano que vem em todos os municípios, então vamos articular o fortalecimento do partido. Vamos fornecer também informações políticas aos filiados ao partido. No sábado passado, nós tivemos com a nossa presidente Wilma de Faria, o ex-governador Iberê, vereadores, deputados e militantes em uma reunião de formação política. Vamos continuar nesse processo. Vamos discutir o futuro também. É um momento de reestruturar, de pensar, para que possamos fortalecer o partido em todos os municípios do estado.


Depois que o PSB perdeu o governo já houve baixas nos diretórios do partido?

Até o presente momento, não. Nós vivemos hoje um momento muito bom em nível nacional. No estado, infelizmente nós tivemos derrotas na chapa majoritária. Mas isso é natural acontecer em todos os partidos. Tivemos sucesso na proporcional. Não tivemos na majoritária. Mas isso não quer dizer que saímos enfraquecidos. De forma nenhuma. Estamos com várias discussões já agendadas, tanto em relação ao município de Natal quanto aos municípios do interior. Não houve nenhum prejuízo ao PSB. Isso é natural. Acontece com todos os partidos. Não quer dizer que teremos um retrocesso. O PSB dá muito mais valor à qualidade dos membros do partido do que à quantidade. Nosso objetivo é ter sucesso nas próximas eleições nos diversos municípios do Rio Grande do Norte.


O deputado estadual Gustavo Carvalho (PSB) já externou que poderá deixar o PSB nos próximos dias para integrar o PSD. Como isso tem sido tratado dentro do partido? Vocês já contam com essa perda?

Eu espero que o deputado Gustavo Carvalho continue no PSB. É claro que nós vivemos em uma democracia. Assim como o PMDB perdeu um deputado, o PR perdeu um deputado. Isso pode acontecer com qualquer partido. Mas o deputado ainda vai conversar com a presidente estadual do PSB, a ex-governadora Wilma de Faria. Ele tem uma afinidade com todo o PSB, tanto em nível local quanto em nível nacional. Acredito e confio que o caminho do deputado será a continuidade no PSB. Tomara que ele possa continuar como nosso dirigente, lutando pelo fortalecimento do partido.


O Partido Social Democrático (PSD), que poderá levar o deputado Gustavo Carvalho, surge, em nível nacional, muito próximo do PSB.


Inclusive os líderes nacionais das duas legendas, Gilberto Kassab e Eduardo Campos, já confirmaram que pretendem firmar uma grande aliança nacional. No Rio Grande do Norte, o PSD será comandado pelo vice-governador Robinson Faria, hoje adversário do PSD. Como a senhora vê essa proximidade nacional entre as duas siglas? Existe alguma possibilidade de aliança local entre os dois partidos?


Não. No momento, o PSD terá a liderança do vice-governador Robinson Faria. Não vejo afinidade nem ideológica nem política do PSB com o PSD aqui no Rio Grande do Norte. Já vi alguns integrantes do novo partido dizerem que não vão se fundir com outra legenda. Chegou a ser muito especulada uma fusão com o PSB, mas isso ficou só em nível de especulação. Não há sintonia entre as duas legendas no Rio Grande do Norte.


Existe um movimento entre os vereadores do PSB de Natal favorável à candidatura da ex-governadora Wilma de Faria a prefeita da cidade.


Essa candidatura já está sendo trabalhada?


Esse clamor não é nem só por parte dos vereadores. Vem da própria população, que está muito desgostosa com a atual administração da cidade. Como Wilma de Faria já foi prefeita de Natal por diversas vezes e teve grande aprovação, é natural ela ser lembrada pelos natalenses, diante de uma situação de desaprovação da atual gestão por aproximadamente 80% da população de Natal. Eu considero isso natural. Não descarto essa possibilidade de forma nenhuma. Não só os vereadores, mas onde ela vai as pessoas abordam, as pessoas perguntam, as pessoas desejam essa candidatura dela a prefeita, embora a gente ainda não tenha aprofundado essa discussão internamente. Essa discussão ocorrerá no momento certo, mais adiante. Vamos, claro, discutir a organização do partido para as eleições do próximo ano. Os vereadores já me pediram até uma reunião, que deve ocorrer nesta semana, para discutir o legislativo municipal. Vamos discutir, no momento oportuno, se o PSB terá candidatura própria. E tendo candidatura própria o nome forte, de peso, é sim o da ex-governadora Wilma de Faria. Mas vamos discutir também se apoiaremos outro candidato de outro partido.


O PSB poderá se coligar com o PDT, em apoio a Carlos Eduardo, ou com o PT, em apoio a Fernando Mineiro?


Não descartamos essas possibilidades, mas é claro que o partido, os vereadores, a militância e a população clamam por uma candidatura própria do PSB. Mas, claro, como isso ainda não foi discutido internamente, eu não posso dizer que teremos candidatura própria ou faremos aliança com partidos com os quais temos afinidades ideológicas, como PDT e PT.


Como a senhora vê as participações dos pessebistas Cláudio Porpino e Vagner Araújo na administração da prefeita Micarla de Sousa?


Vejo como uma posição isolada deles. Essa não é a posição do PSB. Isso foi deixado muito claro pela presidente do partido, Wilma de Faria. Nós não concordamos com a ida deles para a administração municipal. Eles inclusive tiraram licença do partido para poder participarem da gestão municipal. Foram posições totalmente isoladas de Cláudio Porpino e Vagner Araújo. O PSB não apoia a administração municipal. Então não tinha sentido participar da gestão. Eles não foram com o aval do partido.


Qual a avaliação que a senhora faz da administração da prefeita Micarla de Sousa?


Tenho percorrido diversas comunidades em Natal. A avaliação está na própria desaprovação da prefeita por aproximadamente 80% dos natalenses. Não tenho nada contra a pessoa da prefeita Micarla, que inclusive já foi colega deputada aqui na Assembleia. Mas a administração está totalmente desaprovada em todos os setores:na Saúde, Educação, Limpeza Urbana, na Mobilidade Urbana, nos Esportes. Enfim, em todas as áreas, a administração não cumpre com sua missão, deixa a desejar demais. Na periferia, a população reclama muito dos serviços que são direitos do cidadão. São serviços básicos de saúde, educação, limpeza, infraestrutura... Todos esses serviços não estão sendo prestados à população com qualidade. A população sofre, sobretudo com os casos da dengue, que tem a prefeitura como responsável maior. O descaso é muito grande com a população de Natal em todos os setores.


O deputado estadual José Dias disse que houve "negociata" para a aprovação da Inspeção Veicular na Assembleia Legislativa, no ano passado. Esse esquema existiu? A senhora teve conhecimento de alguma cooptação de deputados para aprovar o projeto?


Absolutamente. Isso foi uma grande surpresa para mim, que José Dias tenha colocado isso. Até porque na época da aprovação dessa lei não houve comentário nenhum na Assembleia. Eu sempre busquei cumprir a minha missão comseriedade e responsabilidade. Nunca na minha vida pública eu iria votar alguma matéria para ter algum benefício. Eu condeno totalmente esse tipo de prática. Se por acaso isso aconteceu, que não é do meu conhecimento de forma nenhuma, que o deputado diga quem foi que se envolveu diretamente ou indiretamente com essa negociata, porque isso é crime e tem que ser investigado. Repudio totalmente esse tipo de prática, em qualquer esfera do poder.


Como está se organizando a oposição ao governo do DEM na Assembleia Legislativa?


A oposição está participando ativamente de todas as sessões, tem se organizado. A oposição está cumprindo o seu papel fiscalizador, de ficar atenta a tudo o que está acontecendo no governo. Até porque o parlamentar, de um modo geral, tem essa missão fiscalizadora. Então, uma de nossas missões, além de legislar, é fiscalizar o Executivo. É claro que quando se trata de uma democracia nós temos aqueles que estão na base de sustentação do governo e aqueles que são oposição. O importante também éque façamos uma oposição responsável e construtiva. Essa pelo menos é a linha que eu adoto para meu mandato. Temos que estar sempre atentos para fiscalizar com responsabilidade.


A oposição elegeu maioria na Assembleia Legislativa. Por enquanto, nenhum parlamentar declarou mudança de posição. Mas, nos bastidores, sabemos que existem alguns com o pé no governismo. A senhora acredita que hoje a oposição ainda é maioria?

Ainda tem maioria. Eu acredito que temos a maior bancada. Eu posso falar pelo que tenho visto. Pode ser que esse quadro se modifique, mas na Assembleia hoje a oposição é maioria.


Fonte; dnonline