De solitário sonhador a
candidato com apoio do PT da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula
Deputado estadual, presidente
da Assembleia Legislativa, governador do Estado em exercício, vice-governador
eleito e rompido.
Robinson Faria, 55 anos,
presidente do PSD no Rio Grande do Norte, candidato a governador.
Solitário pré-candidato,
visitou 120 municípios do Estado tentando apresentar seu nome, pouco conhecido,
às populações de regiões onde não tinha bases como parlamentar.
Muitas vezes sem um líder para
recebê-lo em um município, perambulava com um assessor pelas praças e feiras
onde conseguia, no máximo, uma entrevista em uma emissora de rádio.
Com Robinson, o Blog hoje dá
continuidade à série de entrevistas que fará ao longo da campanha que dá
largada exatamente neste domingo, com os principais envolvidos no processo de
sucessão como candidatos, lideranças, observadores da cena.
A primeira entrevista foi com a
governadora Rosalba Ciarlini, quando ainda sonhava com o direito de disputar a
reeleição.
Hoje a entrevista com o seu
vice-desafeto que, no gira da roda-gigante da vida, poderá ter o seu apoio na
eleição.
Eis a entrevista com o vice que
quer chegar ao Governo, disputando com a mega-estutura de uma coligação formada
por praticamente todos os partidos do Rio Grande do Norte, mas que, segundo
Robinson Faria, não o intimidam.
Thaisa Galvão – Você teve seu
nome homologado na convenção do PSD como candidato a governador do Rio Grande
do Norte. Era esse o seu foco desde que entrou para a política? Um sonho
antigo?
Robinson Faria - Não, esse
sonho foi evoluindo de acordo com a minha caminhada política. Primeiro eu tive
um papel no legislativo estadual, onde me elegi deputado 6 vezes e consegui
presidir a Assembleia Legislativa 4 vezes, 8 anos, e aí desenvolvi uma
experiência mais no âmbito do executivo. Mudando o perfil da Assembleia, criando
programas inovadores, arrojados, como a TV Assembleia, hoje em canal aberto, a
Assembleia Itinerante, o Instituto do Legislativo de qualificação do servidor
que hoje atende ao público de fora da Assembleia…a Assembleia Jurídica
gratuita, Assembleia Cultural. Programas totalmente inusitados para uma casa
legislativa. Essa é uma marca de Robinson Faria. E o sonho foi evoluindo também
pela minha presença permanente nas cidades, eu tenho uma essência muito forte
municipalista. Gosto de conhecer, de conviver, de viver o cotidiano das
cidades. Aí começou a nascer esse sentimento de um dia eu me tornar candidato a
governador. Mas eu não queria ser um candidato a governador que nasceu de um
partido forte, ou de forma verticalizada, ou de padrinhos fortes ou de madrinhas
fortes. Mas, que fosse na espontaneidade, na legitimidade, e hoje eu me
considero esse candidato com o incentivo das ruas. Um candidato natural. Lógico
que eu sonhei muito que isso acontecesse, e a nossa candidatura hoje foi
impulsionada por pessoas anônimas. Não nasceu no seio da classe política.
Thaisa Galvão – Você já tinha
chegado perto do sonho quando se elegeu vice-governador em 2010, com a
governadora Rosalba Ciarlini com direito à reeleição. Chegou a passar pela sua
cabeça que você iria pular etapas e já seria candidato na eleição seguinte?
Robinson Faria - Naquele
momento eu já havia lutado para ser candidato a governador em 2010. Em 2006
quando fui o deputado mais votado do Estado pela segunda vez – 2002 e 2006 –
quando fui o mais votado da história do Rio Grande do Norte, primeiro deputado
a ultrapassar o coeficiente eleitoral sozinho, meu nome começou a ser lembrado
para o Governo. Mas em 2010, infelizmente, o grupo ao qual eu pertencia, não
quis me apoiar e terminei sendo vice de Rosalba, contribuindo de forma decisiva
para sua vitória. Naquele momento eu não pensava que seria candidato a
governador agora. Mas eu discordei do Governo, rompi, saí do Governo, passei a
fazer uma caminhada de oposição, ouvindo a população, visitando as feiras
livres, hospitais, penitenciárias, comerciantes. Visitei 120 municípios do Rio
Grande do Norte, atendendo chamamento e ficando perto do povo. E com essa tinha
caminhada, aquele sentimento acumulado desde 2010, renasceu.
Thaisa Galvão – Foi aí que você
começou a perceber que poderia vir a ser o sucessor da governadora?
Robinson Faria - Exatamente.
Esse renascimento do meu nome partiu das pessoas. Eu não comecei a caminhar
para ser candidato a governador. Comecei a caminhar porque quem conhece o meu
passado político sabe que eu sou assim. Sempre tive uma marca muito forte de
ser presente nas cidades. E as pessoas começaram a se identificar quando eu
discordava de algo, quando dava uma entrevista apresentando propostas para
saúde, segurança, as pessoas começaram a ter essa identificação com meu nome.
Eu tinha esse sonho e busquei, e hoje me sinto amadurecido, me sinto preparado
para ser candidato, e me sinto preparado para governar o Rio Grande do Norte.
Thaisa Galvão – Quando você
rompeu com o Governo já veio na cabeça que seria candidato a governador?
Robinson Faria - Não, não veio
porque eu não sabia qual seria a receptividade, a interpretação das pessoas com
o meu rompimento e com o novo momento político que eu estava vivendo. Mas, logo
depois as coisas começaram a acontecer. Começou a ter uma torcida, as pessoas
começaram a me incentivar, e isso foi se intensificando. Não só a torcida, mas
também o incentivo. As pessoas chegavam pra mim nas cidades e diziam 'Robinson,
não desista, você tem que ser o nosso candidato a governador'. Então foi em
respeito a essas pessoas também que eu confirmei a minha candidatura.
Thaisa Galvão – Quando você
chegava nos lugares, sozinho, sem ninguém pra lhe receber, sem as pessoas
sequer lhe conhecerem em alguns casos, o que passava na sua cabeça? Era um
sonho só seu, o que você pensava?
Robinson Faria - Olhe, buscando
encontrar os cacos do sonho no chão das incertezas. Foram caminhadas de muita
ousadia e sobretudo de muita coragem, muita fe e resistência que me fizeram ir
adiante. Muitas vezes alguns políticos me perguntavam, 'Robinson, vale a pena
você ser candidato contra uma super estrutura partidária que está se formando
contra você? Não é melhor você parar para pensar?'. E eu parava às vezes para
pensar. As colocações de prefeitos, alguns até amigos meus, me faziam parar e
refletir, mas quando eu voltava para a rua, para as cidades, as pessoas
novamente me incentivavam e renovavam minha esperança, meu encorajamento. Então
foram as pessoas que me ajudaram, o povo não deixou morrer dentro de mim, a
esperança e a coragem de ser candidato a governador. Não foi na classe política
que eu virei candidato a governador. Foi a partir das pessoas anônimas.
Thaisa Galvão – Tinha cidade
que você chegava sozinho, não tinha uma liderança para lhe receber…
Robinson Faria - Na maioria das
cidades. No começo não tinha ninguém pra me receber em nenhum lugar. E nesses
primeiros momentos de minha caminhada ninguém dava dec;aração lançando meu nome
para o governo. Nem prefeito, nem ex-prefeito, ex-senador, senador,
ex-governador…ninguém. Nenhum político dos mais importantes do Estado falavam
em meu nome para governador. Mas isso não me intimidou, não diminuiu a minha
motivação, não enfraqueceu a minha caminhada. Em muitas cidades que eu chegava
não tinha a casa de um político para eu visitar, porque todos estavam, ou do
lado do Governo ou do lado do sistema liderado pelo PMDB. Mas eu ia na rádio,
eu ia na feira, eu ia no comércio, na praça. Isso me desafiava e o tempo
inteiro eu procurava encontrar uma forma de deixar uma mensagem naquela cidade.
Uma mensagem de convocação para resistir ao que estava acontecendo, aos
conchavos políticos entre quatro paredes; eu já sabia que estava sendo maturado
o acordão que hoje é uma realidade, na época estava sendo desenhado. Então eu
alertava as pessoas. E aí não foi nas estruturas partidárias do interior que eu
encontrei o cenário para ser candidato a governador.
Thaisa Galvão – Sua solidão
pelo Rio Grande do Norte lhe fez, em algum momento, sentir vontade de desistir?
Robinson Faria - De desistir
não porque as pessoas nunca deixaram esse sonho morrer. Mas eu vivi um
isolamento político muito grande, estava muito subestimado, diziam até que eu
era um político ameaçado, com a carreira em vias de encerrar. Mas eu percebi que
existia também a interpretação de um cansaço, de uma desconfiança em relação a
esses grupos que dominaram o Rio Grande do Norte. Eu escutava das pessoas que
essas pessoas famosas, de sobrenomes famosos, tiveram a oportunidade de
governar o Rio Grande do Norte e o nosso Estado ainda não vive um bom momento,
se comparado com outros estados do Nordeste. Pelo contrário, o Estado involuiu.
Os indicadores sociais, econômicos, emprego, desemprego, o agronegócio, saúde,
educação, segurança que afundou, desenvolvimento,o turismo, então as pessoas
creditam que essasfamílias famosas, que se acham poderosas, tiveram 50 anos
para transformar o Rio Grande do Norte e o nosso Estado não se transformou num
grande estado como é hoje Pernambuco, Ceará, Bahia e até o Piauí que era um
estado tido como pobre e hoje está muito na frente do Rio Grande do Norte na
sua questão econômica e social.
Thaisa Galvão – Quando você
fala em famílias poderosas, a gente não tem muito conhecimento de gestores que
não tinham esses sobrenomes e que tiveram sucesso. Você não teme ganhar a
eleição e ser esmagado por essas famílias?
Robinson Faria - Não, porque se
eu for eleito, o meu governo será totalmente inovador. Quero devolver ao povo
um governo de diálogo. Acho que os governadores erraram quando não dialogaram
com a sociedade civil, não dialogaram com os servidores. Na Assembleia
Legislativa, o primeiro passo que dei como presidente foi conquistar a
confiança dos servidores da Casa, e com eles nasceram projetos espetaculares
para a população e para o Poder Legislativo. Então eu vou governar dialogando
com os servidores, com os Poderes, com o setor produtivo, com os trabalhadores
rurais. Um governo de participação, onde o Orçamento será debatido, onde as
políticas públicas que forem encaminhadas para o Orçamento serão discutidas
antecipadamente como a questão da micro e pequena empresa, que o Rio Gramde do
Norte é o Estado com a maior carga tributária de toda a região Nordeste e isso
é muito ruim porque 90% dos empregos advém das micro e pequena empresas e o
nosso estado hoje tem um ambiente hostil para o surgimento de novas empresas.
Então, por conta de tudo o que eu estudei, aprendi, eu me sinto preparado para
fazer do Rio Grande do Norte um estado líder, e não um estado a reboque.
Thaisa Galvão – Qual seria o
segredo?
Robinson Faria - O diálogo em
primeiro lugar. Depois disposição, gestão, e equipe. E quando eu falo em
equipe, olhe que eu sou político há mais de 20 anos, mas a minha equipe terá um
perfil extremamente técnico. Muitos candidatos não tem coragem de falar isso
com medo de perder o apoio dos partidos políticos que depois vão querer dividir
o bolo. Eu não vou cometer essa desfaçatez. Quando fui secretário de Recursos
Hídricos e de Meio Ambiente, no atual governo, eu montei uma equipe de
excelência, toda técnica, onde não tinha uma mulher de prefeito ou ex-prefeito
ou filho de prefeito. Ninguém do meu mundo político. Eu premiei a competência,
independente de lado partidário, independente de saber do passado, se tinham
votado em mim e Rosalba. Eu nomeei as pessoas com perfil ideal para cada cargo.
Montei uma equipe de excelência que, atendendo a um prazo que estipulei,
planejaram a Secretaria para os 4 anos de gestão. E essa equipe foi elogiada
por técnicos do Banco Mundial. Assim será o meu governo, fazendo uma grande
transição de governos conservadores para um governo de modernidade. Já vamos
planejar o Estado para 4 anos.
Robinson diz que não vai atacar Henrique mas vai pedir que
eleitor avalie a coerência de cada palanque
Thaisa Galvão – Antes de
definir que seria o candidato a governador, o deputado Henrique Alves conversou
muito, com muita gente. Você conversou com Henrique?
Robinson Faria - Conversou
comigo várias vezes. Tenho amizade com o deputado Henrique, não somos inimigos,
só somos concorrentes, mas não existe inimizade, Faremos uma campanha de
debates, de propostas, quero fazer uma campanha muito construtiva porque é isso
que interessa à população, acho que o radicalismo está sepultado, não só por
mim, mas por toda a classe política. Agora, vamos falar a verdade, cada um
falará de seus proetos para o Estado. Tivemos conversas, é natural, mas eu já
tnha um compromisso com as pessoas que me incentivaram, que me colocaram como
candidato a governador. Eu não poderia trair essa generosidade das pessoas e
aproveitar o capital eleitoral que adquiri.
Thaisa Galvão – Quando você
fala em trair a generosidade das pessoas, significa que Henrique pediu para
você dessistir?
Robinson Faria - Não tô aqui
censurando o deputado Henrique porque ele como candidato a governador tem todo
direito de buscar parceiros. Ele veio me procurar como procurou Wilma como
procurou outros, faz parte da democracia, da caminhada política. Apenas eu já
tinha minha convicção formada e tinham pessoas que eu não poderia
decepcioná-las, que já estavam nas ruas fazendo propaganda do meu nome,
defendendo meu nome, e a minha decisão foi muito respeitando essas pessoas que
sonharam ver Robinson Faria candidato a governador.
Thaisa Galvão – Em algum
momento você pensou que poderia ser o candidato com apoio do PMDB?
Robinson Faria - Não, eu sempre
achei muito difícil porque o deputado Henrique, sempre que dava entrevistas,
dizia que o candidato seria do PMDB.
Thaisa Galvão – Mas antes do
prazo de filiação, por exemplo. Não foi convidado a se filiar ao PMDB?
Robinson Faria - Não, até
porque não teria nenhuma lógica porque eu tinha acabado de fundar o PSD,
partido que presido, e eu não iria abandonar um partido que eu formei.
Thaisa Galvão – Henrique disse
que na campanha dele não vai falar mal de ninguém. Como você vai se comportar?
Robinson Faria – Farei uma
campanha construtiva, propositiva, mas interpretando também o palanque
adversário. Não de forma radical, mas pedindo que as pessoas observem a
coerência de cada palanque. Qual o palanque que é mais coerente, é o de
Robinson Faria ou o palanque do meu oponente?
Thaisa Galvão – As convenções
aconteceram, e a gente viu muito isso nas redes sociais, em clima de resultado
antecipado das eleições. Tipo, a minha foi maior, o eleito sou eu. Como você
define uma convenção?
Robinson Faria - Já participei
de muitas convenções como apoiador, e em 2010 como candidato a vice-governador.
Fica até um pouco suspeito eu falar, mas essa convenção que confirmou meu nome
para candidato a governador foi a mais emocionante, com mais energia, com mais
entusiamo que eu vivi durante toda a minha carreira política.
Robinson Faria diz que sente falta do apoio do amigo Carlos
Eduardo
Thaisa Galvão – E o prefeito
Carlos Eduardo? Vocês caminharam juntos e você acreditou que teria o apoio
dele.
Robinson Faria - Eu apoiei o
prefeito Carlos Eduardo nas duas vezes que ele foi candidato a prefeito de
Natal. Na primeira quando ele disputou com Luiz Almir, e na época eu me lembro
que o PMDB de Garibaldi e de Henrique ficou contra ele. Preferiu apoiar Luiz
Almir do que apoiar ele, mesmo sendo da família. Novamente em 2012 eu o apoei
contra o candidato do PMDB, Hermano Morais, que tinham ao lado Hermano Morais.
Mais uma vez Henrique e Garibaldi contra ele. Mas, agora ele resolveu apoiar o
nome do deputado Henrique que foi seu adversário nas duas vezes que ele tentou
ser prefeito de Natal. Não posso aqui explicar suas razões. Eu apenas sinto
falta dele não estar comigo. Sou amigo dele, continuo amigo dele, posso até
discordar de sua decisão, mas não tenho motivo aqui de externar revanchismo ou
mágoa. Apenas eu gostaria que ele hoje estivesse me apoiando.
Thaisa Galvão – Depois que ele
definiu pelo apoio a Henrique vocês conversaram?
Robinson Faria - Tivemos
encontros muito rápidos e circunstanciais, mas não para tratar desse assunto.
Thaisa Galvão – Mas vocês são
vizinhos. Moram no mesmo prédio e tem casas coladas no mesmo condomínio na praia.
Como ficou a amizade?
Robinson Faria - A amizade
permanece, nós sabemos separar. Eu su amigo dele de mais ded 40 anos. Sua filha
é amiga da minha filha, sua esposa é amiga de minha esposa, então a amizade
existe e eu digo isso até com uma certa tristeza que eu gostaria muito, até
pelo que eu lutei para vê-lo prefeito de Natal, que ele estivesse do meu lado,
me apoiando, mas ele deve ter as suas razões para apoiar o primo que sempre
esteve contra ele, e isso não vai estragar a amizade.
Thaisa Galvão – Você não vai
cobrar esse apoio na campanha?
Robinson Faria - Não, não. Esse
é um assunto já vencido. Vou tentar conquistar os meus votos com as minhas
propostas.
Thaisa Galvão – Vamos falar do
PT. Como se deu a aproximação entre Robinson Faria e o PT?
Robinson Faria - Muito
interessante, que nasceu a partir da amizade pessoal que tenho com o deputado
Fernando Mineiro, que foi a primeira voz a levantar meu nome como possível
candidato a governador com apoio do PT. Depois o partido começou a dialogar
comigo, o presidente estadual Eraldo Paiva, outro grande defensor, o presidente
do PT de Natal, Juliano Siqueira, que deliberou rapidamente, em uma plenária
municipal, o apoio ao meu nome, e a deputada Fátima, que à época ainda tinha
dúvida se seria candidata ao Senado ou à reeleição, que também se incorporou
com muito entusiasmo a esse projeto. Eu diria que o PT é um grande parceiro,
tem grandes companheiros, pessoas que vestem a camisa, e a militância do PT,
que é uma militância fundamental, ela assimilou meu nome como se eu fosse um
candidato do próprio PT.
Thaisa Galvão – Você já está
chamando os militantes do PT de cmpanheiros?
Robinson Faria - Já chamo de
companheiros e com muita naturalidade, e eles também me chamam de companheiro.
Thaisa Galvão – Mas o PT quase
atrapalha a formação dessa chapa quando se negou a fazer a coligação na
proporcional estadual. Inclusive você perdeu a deputada Gesane Marinho. Você
não chegou a imaginar que inão iria dar certo?
Robinson Faria - O PT nunca
prometeu, o deputado Mineiro e uma pessoa muito verdadeira, nunca prometeu,
desde o início da nossa aproximação, que iria se coligar na estadual. Na
federal sim. Eu disse a deputada Gesane que ela tivesse paciência que a gente
iria enriquecer a nossa nominata de candidatos e que lá na frente iriam
aparecer partidos. E hoje está aí a realidade. Vários partidos, mas a deputada
se apressou na decisão.
Thaisa Galvão – Robinson Faria
e Fátima Bezerra juntos. Isso combina?
Robinson Faria – Muito. Tá
combinando e muito. Em afinidade e na aprovação da população. Essa combinação
hoje não é apenas uma simpatia do PT com o PSD ou do PSD com o PT, existe uma
simpatia na rua, por parte das pessoas.
Robinson diz que quer o voto de Rosalba e garante que seu
discurso não vai mudar
Thaisa Galvão – A governadora
Rosalba Ciarlini está fora do páreo na disputa pelo Governo. Isso facilitou pra
você?
Robinson Faria - Olhe, como
cidadão, eu externei numa entrevista e nas redes sociais que fui contra o que
fizeram com ela. Mesmo ela sendo minha adversária, ela teria todo o direito de
ser candidata à reeleição, acho que foi usurpado o seu direito de ser candidata
à reeleição. Mas esse assunto não diz respeito a im, eu apenas emiti uma
opinião de cidadão, esse assunto é interno do partido dela. Sobre a sua saída,
ainda está cedo para se analisar qual será a migração dos votos da governadora
Rosalba Ciarlini, muito embora eu já tenha tido informações de que os
seguidores dela se sentem traídos e abandonados pela parceria política do
senador José Agripino com o candidato Henrique Alves, que se uniram para
retirar o nome de Rosalba do páreo.
Thaisa Galvão – E essa história
de Rosalba vir a lhe apoiar, você já recebeu algum sinal, alguém já falou com
você sobre iso?
Robinson Faria - Não, Rosalba
nunca sinalizou para mim e nem mandou recado. Mas, quero deixar claro que ha
eleitores ligados a Rosalba que vêem com muita simpatia o nosso nome. Prova
disso é que o deputado Betinho Rosado, do PP, cunhado dela, faz parte hoje de
nossa coligação. Que não é nenhuma incoerência já que o PP faz parte da base da
presidente Dilma Rousseff, apóia a reeleição da presidente igual a mim e ao
PSD, igual ao PT de Dilma e igual ao PCdoB que tambem faz parte de nossa
coligação. Então ele veio para somar, para apoiar Robinson, para apoiar Fátima.
Ouviu seus prefeitos, ouviu suas bases e suas bases sinalizaram para que ele
viesse apoiar o nosso nome. Então ele é bem-vindo. Nós não temos
arrogância, soberba, e orgulho de
escolher quem quer nos apoiar. Todos serão bem-vindos.
Thaisa Galvão – Até a
governadora Rosalba Ciarlini? Você quer o voto dela?
Robinson Faria - Claro. Tanto
eu quanto a deputada Fátima já conversamos sobre isso. Ela como cidadã, como
governadora do Estado, tem todo direito de escolher em quem quer votar. Se ela
quiser votar em Robinson, se quiser votar em Fátima ou em qualquer outro
candidato, deve ser respeitado o seu direito democrático de escolha.
Thaisa Galvão – Quando a
prefeita Micarla de Sousa, já fora do páreo, disse que iria votar no então
candidato a prefeito Carlos Eduardo, ele disse que não queria o voto dela. Você
não repetiria isso?
Robinson Faria - São
circunstâncias diferentes. A ex-prefeita de Natal queria prejudicar o candidato
já que existia entre eles, não um rompimento político, masuma inimizade
pessoal. E ela, reconhecendo o desgaste que vivia, queria prejudicar o
candidato. Não foi uma declaração verdadeira, não existia verdade no seu voto,
ela queria confundir a cabeça do eleitor.
Thaisa Galvão – Um possível
apoio da governadora à sua eleição mudaria seu discurso e o discurso da
deputada Fátima Bezerra?
Robinson Faria - O meu discurso
é de discordância, não é de radicalismo e de raiva. Eu discordei do que achei
que não estava certo na questão da saúde, na questão da educação, da segurança
pública, portanto, não é nenhuma novidade nem nenhum segredo oque eu já falei
durante esses quatro anos. Então não mudará até porque meu discurso agora será
de propostas.
Thaisa Galvão – E Fátima
Bezerra, do PT, ela já tem recebido muito apoio do DEM, para quem sempre
combateu o DEM…
Robinson Faria - Muitos prefeitos
do DEM estão se identificando com Fátima. É que os partidos são importantes,
mas hoje as pessoas votam em quem acreditam, em quem confiam, independente de
partidos.
Thaisa Galvão – Lula e Dilma
vão apoiar a chapa? Eles virão a Natal para o palanque de vocês?
Robinson Faria - Eu espero que
sim, até porque a coligação oficial do PT no Rio Grande do Norte é a nossa.
Esperamos que o PT nacional veja isso com simpatia e estejam em nosso palanque,
tanto Lula quanto a presidente Dilma.
Thaisa Galvão – Vocês vão ganhar
a eleição?
Robinson Faria - Vamos ganhar a
eleição.
Thaisa Galvão – O que leva você
a acreditar que vocês vão ganhar?
Robinson Faria – O que eu
escuto das pessoas todos os dias nas ruas.
Thaisa Galvão – A Assembleia
Legislativa derrubou o projeto que extinguia o uso de residência oficial para
governador. Você, se eleito, vai utilizar a residência oficial?
Robinson Faria - Eu acho que o
governador, no momento que o estado vive uma crise econômica tem que cortar
gorduras. Temos que mudar a metodologia de um governante e eu mudarei. Sou
contra a residência oficial como redução de custos e para dar o exemplo à
equipe que vier a compor o governo. Cortar mordomias e saber separar o que é
mordomia e o que é essencial. O que for essencial tem que ser preservado para
seguir com a governabilidade, mas o que for mordomia terá que ser extinto.
Thaisa Galvão – Quando o
governador, só dando um exemplo, tiver que receber para jantar uma comitiva
importante, internacional, ou um ministro de estado, ou o presidente da
República, vai fazer como?
Robinson Faria – Temos que
discutir isso depois, mas de uma forma que possa poupar o Estado de gastos
excessivos.
Thaisa Galvão – Robinson Faria
governador. Como serão os primeiros dias de uma gestão moderna prometida por
você?
Robinson Faria - Nosso governo
terá uma essência inovadora muito forte. De muito trabalho, de muita ousadia e
muito focado no que eu conheci e vivi nesses últimos anos observando as
angústias do nosso povo. Eu não quero dar expediente em Natal nos primeiros
dias. Vou convocar OAB, a classe médica, a Assembleia, os Poderes, vou visitar
todos os hospitais regionais. Quero sentar no birô do diretor e saber porque
não está funcionando bem. Quero sentar no birô do diretor das escolas e saber
como vem funconando. Quero sentar no birô dos delegados no interior. Teremos um
gabinete itinerante. Não um governo itinerante como era no passado, com gastos
excessivos, que viravam uma festa. Farei um governo detalhista e exigente e já
adianto que não se trata de demagogia, isso é governar pensando nas pessoas, se
preocupando com as pessoas.
FONTE E IMAGENS: THAISA GALVÃO