PMDB lançará candidato
ao
Governo e o PT ao Senado
DEPUTADO ESTADUAL FERNANDO MINEIRO (PT)
Fundador e uma das principais lideranças do PT no Estado, o deputado
Fernando Mineiro não tem mais dúvidas sobre os rumos do partido para as
eleições de 2014 no Rio Grande do Norte: o caminho é seguir a orientação da
direção nacional da legenda e isso significa formar uma aliança com o PMDB para
apoiar o candidato a governador dos peemedebistas. Nessa coligação, caberá ao
PT, segundo Fernando Mineiro, a vaga do candidato ao Senado. “Está acertado que
o PMDB, aqui, lançará candidato ao Governo e o PT, ao Senado”, afirma. O nome
mais provável para essa candidatura a senador, também por recomendação dos
dirigentes nacionais petistas, é o da deputada federal Fátima Bezerra. Mineiro
afirma que em uma eleição como a de 2014, na qual estará em disputa a reeleição
da presidenta Dilma Rousseff , a estratégia nacional prevalece e caberá ao PT
no Rio Grande do Norte cumprir as orientações que serão definidas nas
articulações em Brasília. O que não está
definido é qual mandato o próprio Mineiro concorrerá. Ele prefere a reeleição,
mas não descarta a alternativa da Câmara dos Deputados. O deputado considera
que hoje o PSB da ex-governadora Wilma de Faria é um partido adversário do PT.
Veja a entrevista que o deputado estadual do PT concedeu sobre esses assunto,
sobre as divergências internas da legenda e sobre a política nacional.
Deputado afirma que o RN passa por uma das mais difíceis situações
administrativas da história do Estado e precisará de uma longo período de
recuperação Deputado afirma que o RN passa por uma das mais difíceis situações
administrativas da história do Estado e precisará de uma longo período de
recuperação
Durante as eleições
internas para presidente estadual do PT houve troca de acusações graves com
denúncias de “brejeiras”. Houve divergências insuperáveis?
Isso não chegou a 2014. Está superado dentro do PT. Tivemos
divergências e diferenças públicas em relação ao Processo de Eleição Direta do
partido. Mas isso está resolvido inclusive pela Direção Nacional do PT [com a
homologação da escolha de Eraldo Paiva para ser o presidente estadual]. Então
não tem mais problema.
Mas há insatisfações
internas?
Não. Isso é uma questão de legitimidade do processo eleitoral, que foi
reconhecido. Não tem mais aresta em relação a isso agora que a eleição
[estadual] foi reconhecida pelo Diretório Nacional.
As diversas correntes
internas foram contempladas?
As eleições do PT funcionam por proporcionalidade. Então para quem está
fora [do partido] às vezes fica difícil entender. Se uma chapa tem 40% dos
votos, garante esse percentual dos cargos. Não há hegemonismo no partido, mas
sim proporcionalidade. Então, tivemos duas chapas, uma teve entre 51% e 52% dos
votos e outra entre 48% e 49% da eleição estadual. Portanto, está resolvido.
Cada uma fica com os membros da direção de acordo com a votação que teve.
As divergências foram anteriores
às eleições internas?
Sim. As discussões não começaram no PED. Claro. Os debates fazem parte
da História do PT. Nós temos diferenças. Somos muitos unidos quando o PT decide
uma coisa, mas temos posições diferenciadas internamente. No entanto, sempre
que o PT decide, vamos juntos. Assim será em 2014.
Mas nesses processos foram usados termos muitos fortes. Denúncias de irregularidades entre correntes
internas...
Aconteceram tentativas de manipulação da eleição. Tanto que a direção
nacional decidiu anular o processo nas cidades na quais houve irregularidades.
Mas o importante é que isso está resolvido e só persiste na cabeça a imprensa
que insiste no assunto.
O senhor e a deputada
Fátima Bezerra já conversaram depois desses episódios e das trocas de
acusações?
Sempre conversamos sobre as questões do PT. O partido tem seus fóruns.
Fátima [Bezerra] esteve na posse de Eraldo [Paiva, presidente estadual do PT].
Não tem nenhuma querela.
Foi retomada o diálogo
com os demais partidos potenciais aliados do
PT sobre a eleição de 2014?
Em relação ao Governo e ao Senado, há uma decisão nacional. Nós, no Rio
Grande do Norte, vamos seguir a decisão nacional. Essa decisão, no momento, é
para formação de uma aliança com o PMDB. É isso que estamos discutindo. A
direção nacional tem tratado isso com o PMDB. O PT tem tratado com o PMDB do
palanque nacional. Está acertado que o PMDB, aqui, lançará candidato ao Governo
e, o PT, ao Senado. É isso que está conversado e comunicado, nacionalmente.
Isso está sendo deliberado. Vamos seguir essa decisão, até porque a eleição é
no Brasil. Então, o Rio Grande do Norte e outros estados entram no contexto
nacional das alianças. E, no Rio Grande do Norte, a decisão da direção nacional
é encaminhar com a candidatura ao Governo pelo PMDB, apresentado a candidatura
da Fátima [Bezerra] ao Senado.
E o PT do Rio Grande do
Norte acata esse orientação com tranquilidade?
Sim, obviamente. Se fosse a eleição isolado do Estado, teríamos outro
caminho. Eu acho que se estivesse em jogo apenas o Rio Grande do Norte
deveríamos lançar candidatura ao Governo, construir outras alternativa, porque
existe um esgotamento na política do Estado. Mas está em jogo o Brasil. O Rio
Grande do Norte entra no debate nacional, na mesa de negociação nacionalmente.
E o PT abriu diálogo
com outros partidos?
Dialogamos antes com os partidos que estavam na oposição ao Governo
Rosalba. Não conversamos com o PMDB local sobre 2014. A nossa rodada de
conversa com os partidos foi definida pela oposição a Rosalba. Agora é outro
desenho. O PMDB está no processo de definição da candidatura ao Governo e não
tem essa decisão. Anunciou que vai definir isso em março. Essa é o nosso recorte.
Nacionalmente, fomos orientados a debater com os partidos que estão no campo de
aliança da presidenta Dilma.
Há possibilidade do PT
do Rio Grande do Norte aceitar o PSB nessa coligação?
O PSB não está na aliança nacional, é adversário da presidenta Dilma.
Então não há possibilidade
de diálogo com o PSB?
A orientação é buscar o campo de aliança com os partidos que integram
da base da presidenta Dilma. E vamos cumprir essa orientação. A definição será
em comum acordo com a direção nacional. A se manter essa orientação, o PSB está
fora do arco de aliança de 2014. O PSB tem candidato (a presidente) em 2014.
Então, está fora.
Mas há informação de que a ex-governadora Wilma de Faria estaria em
diálogo para formar uma chapa de oposição, uma coligação...
Não foi discutido isso nacionalmente. Fizemos reuniões com a direção
nacional do partido e não recebemos nenhuma informação da possibilidade do PSB
formar aliança conosco. Não vou ficar no campo da especulação. O que se tem é a
possibilidade de formar aliança com os partido da base da presidenta Dilma.
Então o PT não aceita
formar aliança com um partido que esteja fora da base aliada da presidenta Dilma?
À sua pergunta simples, vou dar uma resposta simples: Para consolidar
aliança tem que ter uma decisão nacional.
O PT nas eleições
recentes tem conquistado uma cadeira na Câmara dos Deputados e na Assembleia
Legislativa. Uma candidatura de Fátima Bezerra ao Senado não coloca em risco
essas vagas?
Em uma eleição não se tem garantia de nada. É sempre um risco. Há
sempre uma disputa de espaço. Isso vale para mim, para Fátima, para todos. Eu
acho que há um espaço para inovar a representação política no parlamento — quer
seja na Assembleia, na Câmara e no Senado — e também no Governo. Existe um
esgotamento da representação política no Estado. E Fátima tem um trabalho no
Rio Grande do Norte. As eleições são sempre disputadas, de vereador a
presidente da República... Não há garantia de vitória. O partido vai avaliar o
caminho a seguir.
E o senhor se coloca em
que posição para a disputa? pretende disputar qual mandato?
Não está definido. O que temos dito é que a prioridade do PT é
trabalhar o Senado, manter a cadeira na Câmara e ampliar a representação na
Assembleia Legislativa. Estou à disposição. Se tiver um debate e o partido
sentir que eu tenho condições para representar na Câmara Federal, estou à
disposição. Mas meu desejo no cenário que estar posto, é ser candidato a
reeleição. Mas vamos ver.
E o projeto de
candidatura a governador?
Na realidade eu queria ser candidato a governador, mas não sendo, vamos
analisar com uma rede de colaboradores qual o caminho a seguir. É público e
notório que tinha colocado meu nome como candidato a governador, mas essa
posição não existe mais. Tinha vontade de ser candidato, como todos que acompanham
a discussão no PT sabem.
Está descartado esse
projeto em 2014?
Totalmente descartado por essa tática nacional. Se fosse só o Rio
Grande do Norte, seria mais fácil, mas não é. Eu tenho perfeita noção do que
significa a questão nacional. Eu não deixo de reconhecer que existe uma
circunstância na qual os mesmos atores polarizam a política local e, nessa
situação, há um espaço para inovação. A sociedade tem a expectativa de buscar
outro caminho. Mas, como sou disciplinado, acato a decisão nacional.
Há uma insatisfação com
essa decisão nacional e com a falta de apoio na campanha de 2012 quando os senhor
foi candidato a prefeito?
Não tem insatisfação. Tem um entendimento. Não tive apoio de parcelas
do PT de Natal em 2012. O PT nacional também teve outras prioridades. Eu
compreendo. Faço política e sei quais são as regras do jogo. Integro um partido
e acato as decisões. Gostaria, claro, que em alguns momentos tivesse sido
diferente. Mas não é que seja uma insatisfação. A questão não é esta.
Há possibilidade de
discutir uma candidatura do senhor ao Senado?
Não, possibilidade zero. O cargo majoritária para o qual eu tinha me
colocado é ao Governo. Se meu nome não teve chance de viabilidade por uma
tática nacional, não vou me colocar ao Senado. Zero de possibilidade.
E na discussão do nome
do PMDB, o PT como se coloca nesse debate?
A decisão é acatar o nome definido pelo PMDB. Trata-se de uma decisão
do PMDB. A direção nacional informou que o PMDB terá candidato ao governo, mas
não apresentou o nome ainda. Certamente apresentará no momento oportuno.
Alguns nomes foram ou
estão sendo cogitados, como o do ex-ministro Fernando Bezerra. Já foram citados
em outros momentos o do deputado Henrique Eduardo Alves, o do ministro
Garibaldi Filho. Há algum preferência do PT?
Eu respondo por mim. O nome é indiferente. Não posso responder pelo PT,
porque não houve esse debate no partido. Para mim, não há como falar em
preferência. A decisão é do PMDB. O candidato é do partido. Se o candidato é do
PMDB, cabe do PMDB escolher. Não se fulaniza a política. Trato de concepção.
Qualquer que seja o nome e o partido, o candidato que queiro reconquistar a
sociedade tem que apresentar algo novo. Se for o mesmo discurso, será levado ao
fracasso. A sociedade precisa de outro projeto e outras propostos. Quem conhece o mínimo da história do Estado,
sabe que nunca passamos por uma situação de tamanha crise, que se espalhou por
todos os setores como agora.
Então não é tanto um problema de nomes neste momento...
O Rio Grande do Norte tem perdido oportunidades e não será com
arroubos, com salvador da pátria, com blá-blá-blá, que vamos enfrentar esse
problema. Se for por aí, será o caminho da derrota. É preciso fazer um debate
sério com a sociedade sobre os caminhos do Estado, da economia, do
desenvolvimento, da estrutura que esta carcomida, caduca, que não responde às
demandas da população. É preciso, então, buscar uma maneira de recuperar esse
tempo. Perdemos muito. Haverá muitas dificuldades. Quem prometer facilidade,
estará mentindo, fará demagogia. O Rio Grande do Norte precisará de um longo
período para recuperar esses períodos de crises administrativas das quais tem
sido vítima.
O PT espera
reciprocidade em 2016 com o apoio do PMDB para uma candidatura à Prefeitura?
Não, cada eleição é uma situação. Não vamos tratar dessa maneira. Seria
equivocado abordar 2014 do ponto de vista de 2016. A situação do Estado é de
desmonte da maquina pública e da administração. A sociedade rejeita esse tipo
de abordagem. Até agora o único nome de candidatura assumida ao governo é de
Robinson Faria [atual vice-governador] do PSD. Isso mostra a crise. Então, há
90% da população rejeitando o Governo e apenas um candidato apresentado. Os
demais partidos não colocaram seus projetos e nomes. Isso representa a crise
profunda a respeito da qual sempre tenho falado. Seria muito equivocado em uma
conjuntura desta falar em 2014 a luz de 2016 ou 2018. Infelizmente sabemos que
essa é a marca da política local.
Mas diante do
desempenho que o senhor teve em 2012 na candidatura a prefeito não vislumbra
concorrer novamente em 2016 ao mesmo cargo?
Não, não vislumbro, porque uma das coisas que aprendi, e espero que o
PT como um todo tenha aprendido, é que eleição não se repete. Temos vários
exemplos disto. Cada eleição é uma história. A eleição de 2012 foi uma momento.
Passou. Não vai se repetir. Teve uma condições especifica. O partido vai fazer
o debate no momento certo. Mas esses questões não se dão em linha reta: o
desempenho tal em 2012 não vai ter implicações, necessariamente, em 2016. Temos
tristes experiências que demonstraram essa realidade. Espero que tenhamos
aprendido. Eu aprendi.
A perspectiva da
eleição nacional é de uma campanha acirrada principalmente com a presença de um
ex-aliado, o governador de Pernambuco — Eduardo Campos —, na disputa?
Vai ser duríssima, muito densa ideologicamente. E o PT não poderá ficar
apenas comparando com o passado. Precisará apontar o que quer para o futuro. E
o partido está trabalhando para isso. Essa é a disputa na sociedade. Mas é uma
boa disputa. A sociedade melhora com isso, com o explicitamento das posições,
com os diversos setores assumindo os posicionamentos políticos. Às vezes temos
uma situação muito misturada na política nacional. Então, será uma campanha
muito dura e espero a possibilidade ter uma clarificação de campos e definições
de caminhos.
FONTE: TRIBUNADONORTE