É com imensa tristeza que eu tenho de falar sobre a crise que se instalou no portal de notícias Nominuto.com. Desde a última sexta-feira, o portal está fora do ar cumprindo minha determinação para se refazer e entrar numa nova fase.
Pode ser o fim do Nominuto? Talvez. Afinal, este é o risco de qualquer empresa que enfrenta dificuldades financeiras e que está sujeita às intempéries de mercado. Eu tenho total consciência dos perigos que rondam minha empresa neste instante.
Mas eu acredito que estamos iniciando um processo que pode consolidar e tornar o portal Nominuto.com mais forte. Porque, independente da crise, o Nominuto é uma marca que conquistou o respeito e a credibilidade de milhares de internautas ao longo de quase quatro anos de atividades.
Isto se reflete em quase um milhão e meio de páginas visitadas por mês, até 900 mil visitantes únicos por mês, e numa audiência diária de até 70 mil páginas visitadas, segundo dados do Google Analytics, que mede os números da Web.
O Nominuto, graças a Deus, é sinônimo de jornalismo on line de boa qualidade e de atualização ágil no cotidiano da imprensa potiguar.
É bom lembrar que o portal Nominuto surgiu em junho de 2007 como veículo de comunicação voltado exclusivamente para o jornalismo on line, fato considerado inédito no jornalismo do Rio Grande do Norte. O ineditismo se deve ao fato de toda a estrutura e profissionais terem sido direcionados ao jornalismo diário com uma redação de médio porte cobrindo as notícias das principais editorias - Política, Cidades, Economia, Esportes, Polícia, Brasil e Mundo.
Antes do Nominuto houve a experiência do Cabugi.com, que não seguiu adiante por causa da crise que culminou com a venda do antigo sistema de comunicação da Televisão Cabugi, atual Intertv. Mas, diferente do Nominuto dedicado exclusivamente à net, o Cabugi.com fazia parte da então TV Cabugi.
Desde o início, eu senti que este seria um dos maiores desafios da minha carreira profissional. E está sendo. Pelo sucesso que o Nominuto conquistou em pouco tempo de atividade e pelas dificuldades que eu tenho enfrentado para financiá-lo.
Eu não me dispus a fazer um blog jornalístico quando eu pensei em criar o Nominuto.com. Meu propósito sempre foi e será coletivo.
O Nominuto.com tem de ser entendido como veículo de comunicação, um portal que junta conteúdo de qualidade por meio de notícias, blogs, interatividade, ações de multimídia e de entretenimento.
O Nominuto já surgiu robusto, com jeito de gente grande. Ao longo destes quase quatro anos, já tivemos uma equipe formada por 45 trabalhadores, entre profissionais, estagiários e prestadores de serviço. Isso sem contar os colaboradores em blogs especializados.
Realizamos sabatinas memoráveis na Fiern - Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte - e, ano passado, um dos principais debates da campanha eleitoral com os candidatos ao Governo.
O Nominuto entrevistou, por meu intermédio, os principais candidatos à Presidência da República na última eleição - José Serra, Marina Silva e Dilma Rousseff.
O Nominuto surgiu como portal, mas teve sua versão impressa - o Nasemana, semanário que muito me orgulhou e que contou com boa recepção do público leitor em um ano e meio de circulação. Eu tive que suspender o jornal impresso pela falta de aceitação do mercado e pela constatação de que a mídia impressa tem perdido cada vez mais espaço para as chamadas mídias eletrônicas - TV, rádio e web.
Em 2009, o Nominuto também ganhou a sua versão televisiva quando eu passei a explorar, em parceria com a Cabo Telecom, um canal na TV fechada, o canal 27, nossa TV Nominuto.
E assim será no rádio, caso eu coloque em prática a ideia de ter uma rádio na web ou em sinal aberto. Porque eu entendo o Nominuto como uma plataforma de conteúdo que pode ser instalada em qualquer das mídias. O carro-chefe é o portal de notícias on line. Mas as demais mídias - TV, impresso e rádio - complementam o esforço de comunicação naquilo que os estudiosos apontam como convergência.
Então, o negócio do Nominuto representa o futuro da comunicação no Rio Grande do Norte. Este tipo de empreendimento já é uma realidade mundo afora e nos principais centros de comunicação do país. Mas ainda engatinha no nosso estado.
Manter o Nominuto ou qualquer veículo de comunicação custa caro. Muito caro.
O portal Nominuto funcionou até agora com até 45 funcionários, cobrindo o noticiário das 7 da manhã às 9 da noite, com equipes na rua, de domingo a domingo. Tudo isso nos custou caro. E a receita do Nominuto é originária exclusivamente da publicidade, a exemplo do que ocorre com os veículos rádio e TV.
A grande dificuldade do Nominuto é se inserir no mercado on line ainda em formação, onde as agências de publicidade estão aprendendo a lidar com as mídias na web e cujo investimento da verba publicitária ainda é incipiente, de pouco valor agregado que atenda às necessidades de um veículo de comunicação do tamanho do portal.
Esta é uma de nossas maiores dificuldades. Aguardar o crescimento da verba publicitária nos veículos on line. Esse fenômeno já está ocorrendo, mesmo de maneira tímida, em nosso mercado. Mas é preciso que seja acelerado.
Eu sei que estou ajudando a fazer esse mercado. Eu me sinto uma espécie de bandeirantes abrindo a picada na mata, desbravando novas terras e novos caminhos. Quem vier depois vai encontrar o caminho aberto, sem tantos espinhos e obstáculos. Mas, por enquanto, a parada é duríssima.
Com este mercado on line em construção, resta ao portal Nominuto cair na vala comum da verba de propaganda das instituições públicas - governos, prefeituras, Assembleia e câmaras municipais.
Todos os veículos de comunicação deste estado, sem exceção, são dependentes da verba pública. Uns mais, outros menos. Mas todos têm governos e parlamentos como clientes preferenciais.
E neste cenário o Nominuto está sujeito aos atrasos nos pagamentos de serviços prestados - coisa corriqueira no serviço público - e aos humores dos governantes de plantão. Haja jogo de cintura para tocar o trabalho jornalístico com seriedade e responsabilidade sem comprometer a vida financeira das empresas. Às vezes, não dá.
A atual crise do Nominuto, a maior de sua existência, se deve à conjugação de alguns fatores e remota ao ano passado.
Em primeiro lugar, o Congresso Nacional regulou o uso da internet na campanha eleitoral, mas impediu a propaganda paga nestes veículos.
O horário gratuito nunca foi gratuito no rádio e na TV. E os jornais impressos têm direito à venda de espaços para políticos e partidos. Esta receita é negada hoje aos portais e veículos na web. Ou seja, no período da campanha eleitoral não tivemos receita.
Em segundo lugar, clientes como o Governo do Estado e Prefeitura de Natal entraram em crise financeira. A dificuldade de pagamento é uma dura realidade para o Nominuto desde o ano passado e segue este ano.
Em terceiro lugar, a verba das empresas privadas não é suficiente para bancar os custos do veículo.
Essa conjugação de problemas resultou no atraso de folhas dos colaboradores do portal.
Até junho do ano passado, eu contava nos dedos da mão os dias de atraso no pagamento da minha folha. Em três anos e meio, os pagamentos dos funcionários foram realizados religiosamente em dia. De outubro para cá, eu acumulei folhas de pagamento.
E eu sempre conversei abertamente com os meus funcionários e dizia: no dia que eu juntar uma folha na outra, estará na hora de rever o funcionamento deste negócio.
E foi isso que ocorreu para meu desespero. Meu maior gasto é com pessoal. Não tenho grandes máquinas, grandes estruturas no portal. O Nominuto é o que é, respeitado e reconhecido como o portal de notícias mais atualizado do Rio Grande do Norte, pelo trabalho dos seus profissionais, pelo desempenho da redação, da qual eu sempre me orgulhei.
Sem pagar em dia, eu fui perdendo boa parte da redação. Gente que começou comigo e que me ajudou muito na construção do Nominuto. Gente qualificada, extremamente comprometida, a quem devo uma gratidão eterna pelo empenho e dedicação nestes dias difíceis. Eu sempre serei grato aos que fizeram parte do Nominuto.
Eu tive um dos piores finais de ano da minha vida adulta e também profissional. Por conta da crise, eu não pude pagar os salários dos meus funcionários. E isso me derrubou. Passei o Natal mais triste da minha vida. Um fim de ano sem ter o que comemorar.
Mas me enchi de esperança para 2011, ano novo, vida nova. Esperançoso que, logo nas primeiras semanas, tivéssemos um cenário mais promissor.
Ledo engano. A crise de 2010 entrou por 2011. E as perspectivas continuam sombrias, principalmente no setor público.
Diante de tudo isso, da falta de garantia para cumprir minhas obrigações com a equipe do Nominuto, eu resolvi paralisar as atividades do portal de notícias para refazê-lo, reconstruí-lo. E tentar salvá-lo.
Essa decisão me doeu muito. Mas foi necessária. O medo de perder o Nominuto, a angústia provocada pelas incertezas e a tristeza devem dar lugar ao desejo de resolver seus problemas e criar as bases para uma nova etapa.
Eu sou um homem de atitude. Eu não tenho medo de enfrentar qualquer situação difícil, por mais que ela possa me abater em algum momento. Eu sei o tamanho da minha responsabilidade e dos compromissos que assumo.
A coragem ou ousadia que eu tive na hora de criar o Nominuto será a mesma de uma possível decisão de encerrar suas atividades definitivamente. E isto eu não quero. Vou lutar até onde puder para manter este projeto de pé, altivo e respeitado.
Porque o Nominuto virou sobrenome meu - Diógenes Dantas Nominuto. Dia desses, num supermercado da cidade, uma senhora gritou no estacionamento: "Nominuto! Tudo bem com você? Gosto muito do seu trabalho".
Pois é. Diógenes Dantas é Nominuto. E, confesso a vocês, não sei como eu vou ficar se o Nominuto deixar de existir. Uma parte de mim vai morrer junto com ele.
Para encerrar este esclarecimento, necessário e cobrado pelos internautas do Nominuto desde a última sexta-feira (11), eu quero agradecer novamente à minha querida equipe de trabalho.
Muitos sabem a importância que eu dou aos profissionais que trabalham comigo. Aliás, quem me conhece sabe o valor que eu dou às pessoas que fazem parte da minha equipe. Ao longo de dez anos em Natal, depois que voltei de Brasília, coordenei o trabalho de várias dezenas de profissionais na TV Assembleia , no Jornal 96, na TV Tropical, na TV Ponta Negra, no Diário de Natal e no Nominuto.com. Aprendi muita coisa com todos eles e me descobri um bom montador de equipes e revelador de talentos na comunicação social. Agradeço a todos.
Em nome da jornalista Delma Lopes, coordenadora do Nominuto, principal companhia e meu braço direito nestes momentos difíceis, eu quero demonstrar minha gratidão todos os que fizeram parte do Nominuto. Todos, sem exceção. Porque, de uma forma ou de outra, todos foram parceiros e solidários na busca de soluções para os problemas criados.
A crise do Nominuto não é a primeira nem será a última da minha carreira profissional. E como ocorreu em várias ocasiões, eu devo superar as dificuldades e esperar melhores dias. E a vida segue adiante.
No instante em que minha empresa enfrenta grande dificuldade, este Nominuto que é como um filho para mim que agora me preocupa, eu inicio hoje um programa jornalístico na SimTV, o SimNotícias com Diógenes Dantas.
Eu espero fazer do SimNotícias mais um caso de sucesso na minha carreira profissional, como eu prometi aos empresários Paulo de Paula e André de Paula, controladores da SimTV, meus parceiros.
Levo para o novo programa toda a experiência que amealhei ao longo de 23 anos de jornalismo.
Eu vou me entregar ao projeto de corpo e alma como sempre fiz. Afinal, eu sou Diógenes Dantas "Nominuto".
Diógenes Dantas - diretor e editor geral do Nominuto.com