Tarsila do Amaral
Nascimento 1 de setembro de 1886
Capivari, SP
Morte 17 de janeiro de 1973 (86 anos)
São Paulo, SP
Nacionalidade brasileira
Ocupação pintora
Magnum opus
A Negra; Abaporu; Antropofagia;
Operários
Movimento estético Modernismo brasileiro
Tarsila do Amaral (Capivari, 1 de setembro de 1886 — São Paulo, 17 de
janeiro de 1973) foi uma pintora e desenhista brasileira e uma das figuras
centrais da pintura brasileira e da primeira fase do movimento modernista
brasileiro, ao lado de Anita Malfatti. Seu quadro Abaporu, de 1928, inaugura o
movimento antropofágico nas artes plásticas.
Biografia
Nascida em 1 de setembro de 1886, na Fazenda São Bernardo, em Capivari,
interior de São Paulo, era filha de José Estanislau do Amaral Filho e de Lydia
Dias de Aguiar do Amaral, e neta de José Estanislau do Amaral, cognominado “o
milionário” em virtude da imensa fortuna acumulada em fazendas do interior
paulista.
Seu pai herdou a fortuna e diversas fazendas, onde Tarsila e seus sete
irmãos passaram a infância. Desde criança, fazia uso de produtos importados
franceses e foi educada conforme o gosto do tempo. Sua primeira mestra, a belga
Mlle. Marie van Varemberg d’Egmont, ensinou-lhe a ler, escrever, bordar e falar
francês. Sua mãe passava horas ao piano e contando histórias dos romances que
lia às crianças. Seu pai recitava versos em francês, retirados dos numerosos
volumes de sua biblioteca.
Tarsila era tia do geólogo Sérgio
Estanislau do Amaral.
Estudos em São Paulo e Barcelona
Tarsila do Amaral estudou em São Paulo, em colégio de freiras do bairro
de Santana e no Colégio Sion. E completou os estudos em Barcelona, na Espanha,
no Colégio Sacré-Coeur.
Primeiro casamento e
maternidade
Ao chegar da Europa, em 1906, casou-se com o médico André Teixeira
Pinto, seu noivo. Rapidamente o primeiro casamento da artista chegou ao fim. A
diferença cultural do casal era grande. O marido se opunha ao desenvolvimento
artístico de Tarsila, já que ele era conservador e para os homens da época, a mulher
só deveria cuidar do lar. Revoltada com essa imposição absurda ela se separa e
só conseguiu a anulação do casamento anos depois. Com ele teve sua única filha,
a menina Dulce, nascida no mesmo ano do casamento. Tarsila também se separou
logo após a filha nascer e volta a morar com os pais na fazenda, junto de
Dulce.
Início da carreira
Da esquerda para a direita: Pagu, Elsie Lessa, Tarsila do Amaral, Anita
Malfatti e Eugênia Álvaro Moreyra em época posterior à Semana de Arte Moderna
de 1922
Abaporu, uma de suas obras mais conhecidas e um ícone do Modernismo
brasileiro. Óleo sobre tela, 1928
Começou a aprender pintura em 1917, com Pedro Alexandrino Borges. Mais
tarde, estudou com o alemão George Fischer Elpons. Em 1920, viaja a Paris e
frequenta a Academia Julian, onde desenhava nus e modelos vivos intensamente.
Também estudou na Academia de Émile Renard.
Apesar de ter tido contato com as novas tendências e vanguardas,
Tarsila somente aderiu às ideias modernistas ao voltar ao Brasil, em 1922. Numa
confeitaria paulistana, foi apresentada por Anita Malfatti aos modernistas
Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti Del Picchia. Esses novos amigos
passaram a frequentar seu atelier, formando o Grupo dos Cinco (Arte Moderna
Brasileira).
Em janeiro de 1923, na Europa , Tarsila se uniu a Oswald de Andrade e o
casal viajou por Portugal e Espanha. De volta a Paris, estudou com os artistas
cubistas: frequentou a Academia de Lhote, conheceu Pablo Picasso e tornou-se
amiga do pintor Fernand Léger, visitando a academia desse mestre do cubismo, de
quem Tarsila conservou, principalmente, a técnica lisa de pintura e certa
influência do modelado legeriano.
Fases Pau-Brasil e
Antropofagia
Em 1924, em meio à uma viagem de "redescoberta do Brasil" com
os modernistas brasileiros e com o poeta franco-suíço Blaise Cendrars, Tarsila
iniciou sua fase artística “Pau-Brasil”, dotada de cores e temas acentuadamente
tropicais e brasileiros, onde surgem os "bichos
nacionais"(mencionados em poema por Carlos Drummond de Andrade), a
exuberância da fauna e da flora brasileira, as máquinas, trilhos, símbolos da
modernidade urbana.
Casou-se com Oswald de Andrade em 1926 e, no mesmo ano, realizou sua
primeira exposição individual, na Galeria Percier, em Paris. Em 1928, Tarsila
pinta o Abaporu, cujo nome de origem indígena significa "homem que come
carne humana", obra que originou o Movimento Antropofágico, idealizado
pelo seu marido.
A Antropofagia propunha a digestão de influências estrangeiras, como no
ritual canibal (em que se devora o inimigo com a crença de poder-se absorver
suas qualidades), para que a arte nacional ganhasse uma feição mais brasileira.
Em julho de 1929, Tarsila expõe suas telas pela primeira vez no Brasil,
no Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, em virtude da quebra da Bolsa de Nova York,
conhecida como a Crise de 1929, Tarsila e sua família de fazendeiros sentem no
bolso os efeitos da crise do café e Tarsila perde sua fazenda. Ainda nesse
mesmo ano, Oswald de Andrade separa-se de Tarsila porque ele se apaixonou e
decidiu se casar com a revolucionária Patrícia Galvão, conhecida como Pagu.
Tarsila passa a sofrer demais com a separação e por perder sua fazenda, e se
entrega ainda mais a seu trabalho no mundo artístico.
Em 1930, Tarsila conseguiu o cargo de conservadora da Pinacoteca do
Estado de São Paulo. Deu início à organização do catálogo da coleção do
primeiro museu de arte paulista. Porém, com o advento da ditadura de Getúlio
Vargas e com a queda de Júlio Prestes, perdeu o cargo.
Viagem à URSS e fase
social
Em 1931, vendeu alguns quadros de sua coleção particular para poder
viajar à União Soviética. Nessa época Tarsila viaja com seu novo marido, o
médico nordestino Osório César, que a ajudaria a se adaptar às diferentes
formas de pensamento políticos e sociais. O casal viajou a Moscou, Leningrado,
Odessa, Constantinopla, Belgrado e Berlim. Logo estaria novamente em Paris,
onde sensibilizou-se com os problemas da classe operária. Sem dinheiro,
trabalhou como operária de construção, pintora de paredes e portas. Logo consegue
o dinheiro necessário para voltar ao Brasil, pois com a crise de 1929 ela
perdeu praticamente todos os seus bens e sua fortuna.
No Brasil, por participar de reuniões políticas de esquerda e pela sua
chegada após viagem à URSS, Tarsila é considerada suspeita e é presa, acusada
de subversão. Em 1933, ao pintar o quadro “Operários”, a artista passa por uma
fase de temática mais social, da qual são exemplos as telas Operários e Segunda
Classe. Em meados dos anos 30, o escritor Luís Martins, vinte anos mais jovem
que Tarsila, passa a ser seu companheiro constante, primeiro de pinturas depois
da vida sentimental. Ela se separa de Osório e se casa com Luís Martins, com
quem viveu até os anos 50.
A partir da década de 40, Tarsila passa a pintar retomando estilos de
fases anteriores. Expõe nas 1ª e 2ª Bienais de São Paulo e ganha uma
retrospectiva no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) em 1960. É tema de
sala especial na Bienal de São Paulo de 1963 e, no ano seguinte, apresenta-se
na 32ª Bienal de Veneza.
Últimas décadas: 1960 e
1970
Em 1965, separada de Luís e vivendo sozinha, foi submetida a uma
cirurgia de coluna, já que sentia muitas dores, e um erro médico a deixou
paralítica, permanecendo em cadeira de rodas até seus últimos dias.
Em 1966, Tarsila perdeu sua única filha, Dulce, que faleceu de um
ataque de diabetes, para seu desespero. Nesses tempos difíceis, Tarsila
declara, em entrevista, sua aproximação ao espiritismo.
A partir daí, passa a vender seus quadros, doando parte do dinheiro
obtido a uma instituição administrada por Chico Xavier, de quem se torna amiga.
Ele a visitava, quando de passagem por São Paulo e ambos mantiveram
correspondência.
Tarsila do Amaral, a artista-símbolo do modernismo brasileiro, faleceu
no Hospital da Beneficência Portuguesa, em São Paulo, em 17 de janeiro de 1973
devido a depressão. Foi enterrada no Cemitério da Consolação de vestido branco,
conforme seu desejo.
Representações na
cultura
Tarsila do Amaral já foi retratada como personagem no cinema e na
televisão, interpretada por Esther Góes no filme "Eternamente Pagu"
(1987), Eliane Giardini nas minisséries "Um Só Coração" (2004) e
"JK" (2006).
A artista também foi tema da peça teatral Tarsila, escrita entre
novembro de 2001 e maio de 2002 por Maria Adelaide Amaral. A peça foi encenada
em 2003 e publicada em forma de livro em 2004. A personagem-título foi
interpretada pela atriz Esther Góes e a peça também tinha Oswald de Andrade,
Mário de Andrade e Anita Malfatti como personagens.
Tarsila do Amaral foi homenageada pela União Astronômica Internacional,
que em 20 de novembro de 2008 atribuiu o nome "Amaral" a uma cratera
do planeta Mercúrio.[1]
Em 2008, foi lançado o Catálogo Raisonné Tarsila do Amaral, uma
catalogação completa das obras da artista em três volumes, em realização da
Base7 Projetos Culturais, com patrocínio da Petrobras, numa parceria com a
Pinacoteca do Estado de São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura e Governo do
Estado de São Paulo.
Obras
Pátio com Coração de Jesus (Ilha de Wright) - 1921
A Espanhola (Paquita) - 1922
Chapéu Azul - 1922
Margaridas de Mário de Andrade - 1922
Árvore - 1922
O Passaporte (Portrait de femme) - 1922
Retrato de Oswald de Andrade - 1922
Retrato de Mário de Andrade - 1922
Estudo (Nu) - 1923
Manteau Rouge - 1923
Rio de Janeiro - 1923
A Negra - 1923
Caipirinha - 1923
Estudo (La Tasse) - 1923
Figura em Azul (Fundo com laranjas) - 1923
Natureza-morta com relógios - 1923
O Modelo - 1923
Pont Neuf - 1923
Rio de Janeiro - 1923
Retrato azul (Sérgio Milliet) - 1923
Retrato de Oswald de Andrade - 1923
Autorretrato - 1924
São Paulo (Gazo) - 1924
A Cuca - 1924
São Paulo - 1924
São Paulo (Gazo) - 1924
A Feira I - 1924
Morro da Favela - 1924
Carnaval em Madureira - 1924
Anjos - 1924
EFCB (Estrada de Ferro Central do Brasil) - 1924
O Pescador - 1925
A Família - 1925
Vendedor de Frutas - 1925
Paisagem com Touro I - 1925
A Gare - 1925
O Mamoeiro - 1925
A Feira II - 1925
Lagoa Santa - 1925
Palmeiras - 1925
Romance - 1925
Sagrado Coração de Jesus I - 1926
Religião Brasileira I - 1927
Manacá - 1927
Pastoral - 1927
A Boneca - 1928
O Sono - 1928
O Lago - 1928
Calmaria I - 1928
Distância - 1928
O Sapo - 1928
O Touro - 1928
O Ovo (Urutu) - 1928
A Lua - 1928
Abaporu - 1928
Cartão Postal - 1928
Antropofagia - 1929
Calmaria II - 1929
Cidade (A Rua) - 1929
Floresta - 1929
Sol Poente - 1929
Idílio - 1929
Distância - 1929
Retrato do Padre Bento - 1931
Operários - 1933
Segunda Classe - 1933
Crianças (Orfanato)- 1935/1949
Costureiras - 1936/1950
Altar (Reza) - 1939
O Casamento - 1940
Procissão - 1941
Terra - 1943
Primavera - 1946
Estratosfera - 1947
Praia - 1947
Fazenda - 1950
Porto I - 1953
Procissão (Painel) - 1954
Batizado de Macunaíma - 1956
A Metrópole - 1958
Passagem de nível III - 1965
Porto II - 1966
Religião Brasileira IV - 1970
Fonte: wikipédia